Uma pessoa acabou de se suicidar. É uma história real, muito triste para contar. Em uma dessas escolas, que não é fácil de se matricular e não basta só dinheiro para entrar.
Ela nunca quis um fim assim, mas precisava atacar. As queixas injustiçadas, os algozes parabenizados. Explodiu, implodiu. Sua família ruiu.
É mesmo na escola onde aprendemos? É só lá que se sabe – o que saber –, talvez seja, mas nesta escola é mais que saber. É ser ou não ser.
Escola é onde se divide, o que sobra, dos que vieram, de onde vieram. Assim, sadios, doentes, sábios, fracos, perversos ou delinquentes.
Losers, Winners. As matronas estudantis segregam e parabenizam os futuros heróis do empreendedorismo. CEOs, Juízes, Generais, Velejadores.
Professores em silêncio, os diretores apagam as imagens. O futuro dos donos do futuro está em jogo, o corredor precisa ser limpo, a perda esquecida.
As emoções são para os bárbaros; as lágrimas paras os fracos, o prenúncio do derrotado. A vitória, o brado gritado do protegido. Do herói ou heroína da família mais rica.
Logo este futuro será erguido, o corpo resfriado, uma pessoa esquecida. O herdeiro empossado, 100 mil funcionários coagidos.
Nestes lugares, algumas mudanças. Salas de química, segurança e motorista, agora um prédio, paredes de vidro e poltronas reclináveis. Em frente, estábulos divididos, baias-estrebarias, toda a cavalaria.
Cegos seguidores de uma herança. Finanças, contas, sonhos e segurança. Aceitamos o pouco, será que poucos somos?
Não! Sobre a pergunta inicial, escola não é feita para ensinar, mas eu sei que ensina. É feita para sobreviver. Não essa pessoa, um Gnu na savana.
Mas gritou, revolucionou, seu fim como um ataque hostil ecou.
E não adiantou, novamente sobre os pés dos primitivos perseguidores se erigiu. Um grande prédio de vidro, aço. Uma multinacional de liderança vil e alguns capatazes, porque sozinho nem Moisés seguiu. Os papagaios do pirata, cúmplices de um destino, no café todo mundo riu.
E agora, outra pergunta, pois já vai terminar. Já viu um destes heróis abusadores, algum desenho rabiscar? Uma boa ação, que não seja um leilão, sorteios, passeio com a filha para jantar!
Já viram neles uma ato emocional? Como este texto radical? A prática de um esporte popular? Que não seja Polo, Golf, Ironman, Submarino ou simplesmente esquiar?
Só podem publicar as glórias inglórias, que poucos podem saborear. Esportes, conquistas e hobbies que nem o nome sabemos pronunciar.
Os corpos ficam pelo caminho, mas o importante é acabar, com mais um funcionário, pelo chá que não era para adoçar ou com uma mãe que tem mais amor que um dia você pode imaginar.
Perversão S. A., esta fábrica tem que fechar!
PERVERSÃO S. A.
Felipe Anderson (2023)
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