Um dia de bobeira em frente à televisão - com palha de aço na antena, vejo um esquete maluco de poucos minutos, uma dupla de mulambos cachaceiros e seus cordões de ouro, perucas descabeladas e soltas, é assim que me deparo com um humor surreal em um vídeo tosco dos anos setenta de uma pornô chanchada que deu errado.
A ideia sem nexo de jovens anarquistas ganhou adeptos e risos fáceis, daqueles que doem a barriga antes de sair, personagens até agora foram para lá de centenas, e não são caricaturas, são de uma verdade única. Cada Cláudio Ricardo que se possa ver ou os Super Pobre, são melhores que os originais.
Hermes e Renato Clássicos - O Trapaceiros
...Mas certo dia o inimaginável aconteceu, o riso parou no ar, o imbatível Campeão Mundial de Caixote - O Nego da Porra se foi! Deixando os Fantis e os Hermes sem sorriso e sem o Palhaço Gozo.
Falando em Palhaço – deixarei um trecho de uma história de um palhaço, que pode ter alguma semelhança com esse texto e com o meu ídolo Fausto. A ópera Pagliacci (1890) de Ruggero Leoncavallo, e narrada meio século depois na HQ - Watchmen pelo herói Rorschach:
- Um homem vai ao médico e fala que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Ele se sente só, num mundo ameaçador onde o futuro é vago e incerto.
O doutor diz...
- O tratamento é simples! O grande palhaço Pagliacci está na cidade esta noite. Vá vê-lo. Levantará seu astral.
O homem começa a chorar e fala:
- Mas doutor... eu sou o palhaço Pagliacci!
- Boa piada - Todo mundo ri - Rufam os tambores – Desce a cortina!
Pois, se foi assim não sei, só sei que o Palhaço se foi, um herói do riso se foi, não há drama apenas nisso, nem somente humor, talvez seja os dois lados de uma mesma moeda, uma montanha russa com diferenças em suas subidas e descidas! Foi sempre assim que os Hermes e os Renatos me fizeram sentir. Parece que ao ligar a televisão e vê-los, eu entro numa montanha russa no escuro!
Imaginem comigo - ao entrarmos num desses brinquedos de parque de diversão - no escuro, o carro inicia seu trajeto, não sabemos nem prevemos para onde ele continuará indo, mas não há quedas ou subidas vertiginosas, tudo é muito curto e rápido, nos jogando para um lado e outro, girando em seu próprio eixo e quando pensamos que vamos subir, prontamente caímos e logo subimos, numa velocidade rápida, como o humor tem que ser e assim continua - direita - esquerda - cima - baixo e a barriga doendo de rir, o pescoço e o maxilar de não poderem ser controlados.
Já o drama toma ares de subidas e descidas mais longas e intensas, como a montanha russa de Fausto Fanti, subindo e descendo vertiginosamente em nossas boas emoções, e pior ficou quando ele se misturou com gente do mal, que ainda nos fazem rir só de maldade, e para ele parecia difícil sair do personagem, então a montanha russa continua dentro dele.
O Silvio Santos dessa turma não era a dentadura e o "má-oi", era um fetichista ou um Capitão do Bope. O professor de direito nos esquetes parecia ter sido encontrado na rua cheirando solvente, e esses eram meros coadjuvantes que roubavam a cena como os protagonistas. A dentadura mágica do Renato, era uma túnica, que nos fazia rir só de olhar quando a boca se abria, aliás foram os Hermes e os Renatos que inventaram e ficava melhor na boca do Renato que em qualquer outro humorista.
Já os protagonistas roubavam a cena enfrentando o capeta, sem medo que o capeta lhes quebrasse o dedo e lá estava Fausto sendo a filho do capeta, com dentadura solta, ele devia ter colado ela com a sua cola - Korega.
O Adriano (Silva) é engraçado como um boneco do posto. Imaginemos nós sentados bêbados no meio-fio de uma calçada e aquele boneco mexe os braços e se diverte sozinho - com um sorriso na cara, já o Adriano com um olhar sério, mas os braços são iguais do boneco, eles se movem sem destino, com uma direção imprevisível, e esse é o tom do Joselito. Assim como o Boneco que bate seus braços em quem passa perto, também bate à toa nos outros o Joselito.
O Felipe (Torres) e seu eterno tom de deboche; seus personagens nos acessam com o olhar lento, concentrado e intenso, pronto para o bote dá risada, ele parece bobo e feliz como o Boça e o Charlinho, mas Felipe deve ser daqueles que vê um tio dormindo na cadeira, chega sorrateiro e grita no ouvido, para ver o tio pular da cadeira, depois corre com sua barriga apontada para a frente e suas mãos viradas para o lado, rindo e apontando para alguém.
O Marco Antônio (Alves) é o tio talvez, que dorme no sofá e acorda sem pressa de viver, sem muito glamour. Ele retrai toda risada que tem, mas não consegue esconder a risada de seus personagens, segura toda a risada que está pronta para sair no canto da boca, e realmente parece o tio da turma - como o comentarista Bolotti, ou um tio mais ácido como o jornalista Braddock, também o tio aposentado do surf que narrou o Caixote Open 2005. Em meio a tantos personagens se arriscou como propagandista de uma Faculdade de Churrasco.
O Bruno (Sutter) é o tio chato, se levava a sério como Dedé dos trapalhões e a piada pronta era essa, ele sendo o herói Chapolin que ninguém levava a sério. Como se levar a sério em meio a tanta risada? Saiu por hora para levar sua música e seu cântico a sério, levando a alma de um Massacration e seu Metal Bucetation e assim também poderá ter mais Massacretes!
O Franco (Fanti) é novo na frente da câmera, parece mesmo o menino novo, alguém vai achar que é para o lugar do irmão Fausto, mas não é, é para o lugar do Franco mesmo, o lugar do irmão mais novo pentelho, com jeito de pentelho, com o sorriso cínico, parecendo o personagem Grinch do desenho, aquele sorriso devagar que se arma lentamente e vai tomando todo o rosto e lentamente vamos rindo junto. Há uma acidez nas atuações de Franco, um tom que sempre esteve presente nos textos.
Esse é o legado até hoje da trupe de amigos, com seus personagens e seus convidados, que além de humor ergueram um império de empresas como - Trololó Records, Pentagrama Toys, Agência de Publicidade - Puta Ideia, entre outras, são realmente visionários, surreais, escrachados, sevandijas e proxenetas.
Unidos do Caralho a Quatro
Deixo o acervo pessoal deles, que está sendo cada dia mais aprimorado no Canal Pessoal do H&R Oficial - Youtube.
Para os Fantis, Os Hermes e ao Legado do Fausto-Renato.
Obrigado pela piada, foi boa, só não gostei muito do final!
OS HERMES SEM O RENATO
Felipe Anderson (2015)
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