I - Os Fundamentos da Hipnose
A segunda parte se torna mais compreensível aos profissionais da área, e claro aos curiosos que se dispõe. Agora darei uma breve descrição sobre a história da Hipnose e sua aplicabilidade atual.
Os Efeitos da Hipnose
A princípio a hipnose é sua atenção e sua consciência em estado de transe, entre estado de vigília e sonolência, podemos assim atingir diferentes níveis sobre essa condição, ou seja, ao invés da mente se ater ao espaço e aos estímulos, ela recua a um estágio interior, um estágio de pré-sonolência, mas não que seja um sono propriamente dito, o relaxamento físico que cria essa semelhança e propriamente, em um bem-sucedido transe hipnótico, a sensação do despertar será a de acordar. Se assemelha a meditação, relaxamento ou estímulos de atenção concentrada.
A concepção sobre tal transe, se edifica sobre o conceito de "uma" fluidez universal e um possível magnetismo animal que favorece o acesso de tal via fluída, e assim foi como postulado cientificamente por Franz Anton Mesmer (1734-1815), sendo assim poderíamos conceituar de algumas diferentes formas, tal como uma concentração de atenção e consciência em pontos de nosso corpo e assim nos tornando passíveis de sugestões oriundas de um magnetizador externo – o hipnotista, seu desdobramento foi também hipotetizado por um médico cirurgião britânico, James Braid (1795-1860), foi então ele que empregou a aplicabilidade científica e propriamente o termo Hipnose (o prefixo Hypnos - é uma palavra da mitologia grega, que designa o deus do sono), essa como sendo um estágio psíquico de indução à sonolência.
A Origem da Hipnose e os Hipnotistas
Na história da hipnose há discordância de sua real origem, o conceito em si surge desde a antiguidade, tanto sobre a perspectiva da prática, como o conceito sobre a tal fluidez animal, por vezes considerada na medicina oriental como uma estrutura de circulação (Chacra ou Sistema), ou seja, a real história sobre a hipnose se remonta à milhares de anos, por vezes como recurso médico, no Egito antigo por exemplo, Faraós adormeciam pessoas que os procurassem, para curar doenças.
Quanto aos achados científicos da hipnose eles foram estruturados a partir das teses de Franz Anton Mesmer entre o século XIX e XVIII. Nesses achados Mesmer conceitua sua tese sobre os princípios de um suposto magnetismo animal, ou melhor, Mesmer conceituava que havia uma fluidez universal que estavam inclusive contidos na fluidez da dor, e os estímulos motores humanos. A teoria de Mesmer buscou pela melhor definição sobre a dinâmica fisiológica do organismo como um todo, e assim deu origem a sua aplicabilidade como um recurso anestésico, logo a dor poderia ser contida, mas essa técnica ainda tida como Mesmerismo, técnica essa envolta em misticismo e susposto charlantanismo. Contemporâneo a Mesmer, o médico cientista James Braid, conceitou então a hipnose, como um estado de sono artificializado, sendo eles então alguns dos percursores da Hipnose.
Há quem considere também que a hipnose é feita naturalmente por diferentes pessoas, de diferentes formas, sem que seja feita a hipnose levada a um estado de sonolência, ou seja, discursistas - pessoas em seu cotidiano que estabelecem carisma em seu meio, esses têm tal potencial, para fazer "sugestões" que podem ser compreendidas como “hipnóticas”, tomando a atenção dos outros a si, porém essa é a concepção sobre o potencial do hipnotista e não a hipnose propriamente dita. Essa hipnose conceitual é sobre o fenômeno em que líderes carismáticos criam fascínio na população, ou mesmo possam sugerir-lhes certa conduta, mas essas de forma diferenciada a hipnose clínica.
A Crítica e os Desdobramentos
Ao longo do desenvolvimento científico-médico, e posteriormente aos desdobramentos da hipnose, ela foi tida como técnica médica de anestesia e assim foi ganhando adeptos, e mesmo explorado uma válida técnica de soluções possíveis contra os sintomas neuróticos de pacientes psiquiátricos.
Sigmund Freud (1856-1939) no ensaio - Psicologia das massas e análise do eu (1921), constituí parte da metapsicologia psicanalítica, e sugere neste ensaio, que a psicologia individual é também uma psicologia social, há para Freud, uma força que une a massa, estruturada por uma série de forças, tais como a identificação, idealização, regressão e outros impulsos arcaicos do indivíduo que o colocam por vezes em posição desprivilegiada como humanos e sujeito aos fenômenos da massa, como um rebanho.
Neste sentido age a religião, ideologias políticas como foi com o nazismo, entre outros fenômenos de grupo, como as sugestões e a hipnose, muitas vezes guiada por um líder (ídolos, mártires, governadores, etc.,). É para Freud então, a hipnose uma extensão dos fenômenos de grupo, regida pelos fenômenos de massa, onde se posiciona o hipnotizador no papel do líder carismático.
O pai do método psicanalítico, no ensaio Psicologia de Grupo e a Análise do Ego de 1921, faz suas considerações sobre este suposto carisma dos hipnotizadores de grupo, ou o hipnotizador individual, nesse livro ele rompe de forma estruturada, com os reais fundamentos científicos que comprovam o processo da hipnose, sem negar a possibilidade que a hipnose seja funcional em "certo nível", pois estabelece que a ordem do processo não é como se conceituou até então - como um controle de funções fisiológicas ou de estímulos (fluidez universal), e sim a substituição de fatores de inibição ou propriamente, que são pertencentes as relações humanas e se edifica sobre os processos edípicos do desenvolvimento psicossexual humano.
Assim a repressão formalizada pelo complexo de édipo pode ser substituída por um ideal de ego, ou seja, introjeções de aspectos positivos da sociedade no hipnotizado, pelo seu hipnotizador. Freud ainda questiona que em meio a uma análise cabe ao analista se ater aos sintomas de um neurótico - os fatores de repressão e as defesas psíquicas que agem sobre esses fatores, sendo a hipnose um recurso que não acessam o recalque em si, porém essa foi até então uma perspectiva freudiana, questão essa passível de longas discussões, sobre a mente humana.
Um dos médicos que conservaram a aplicabilidade técnica da hipnose foi Jean-Martin Charcot e pode propagar a teoria de Mesmer. Charcot conservou um ideal sobre a Hipnose. Charcot teve como aluno no curso que ministrava de neurologia o próprio Sigmund Freud. No decorrer do uso da hipnose Freud começou a questionar os fundamentos da Hipnose, tais como seu fundamento de aplicabilidade e principalmente compreendendo que os sintomas de pacientes neuróticos tinham um fundamento psíquico como plano de fundo. Assim pode formular suas concepções sobre o inconsciente - considerando essa um fragmento da consciência, resultante de uma ruptura, entre conflitos e desejos.
Sigmund Freud além do mais, conclui em seus artigos iniciais que o processo terapêutico com pacientes neuróticos tinha suas fraquezas, tais como nem todo profissional da área da saúde conseguiria hipnotizar seus pacientes e nem todo paciente seria sugestionável a hipnose, havendo uma possível resistência nessa dinâmica, assim a hipnose ganhou seu grande obstáculo. Além do mais foi a partir de tais questionamentos que Freud pode fundamentar a base de suas teorias relativas a repressão sexual, com bases edípicas. Ainda assim a hipnose atraía adeptos que se instigavam com sua aplicabilidade; claro que a psicanálise também se edificou em outros questionamentos das discussões pertinentes à época, no campo das ciências naturais e filosóficas.
Após a segunda guerra mundial o conceito de hipnose foi disseminando, porém com o avanço da psicanálise sobre a área da saúde, e outras perspectivas científicas e filosóficas, tais como as teorias humanistas, a hipnose perdia por vezes sua atenção, sobre aplicabilidade e desdobramentos, já as novas técnicas ganharam força e respaldo, dando uma nova perspectiva na relação médico-paciente.
As teorias humanistas, de uma forma similar a psicanálise, se atentaram as relações diretas e as circunstâncias da fala terapeuta-paciente, já a psicanálise se fundamenta na associação livre do discurso e seus conteúdos.
Panorama Atual
Atualmente a hipnose conserva seus adeptos, tal como surgiu pode ser aplicada como recurso anestésico. Podendo se aliar a medicamentos anestésicos, já o real fundamento da hipnose e suas aplicabilidades carecem de compreensão universal entre causa e efeito, além do mais, a discussão culmina no campo da consciência, e o que é afinal, a consciência? Então logo carece de uma profunda formulação científica. Também é difundida propriamente dita como hipnoterapia (reconhecida como técnica complementar no conselho federal de psicologia), em que o estado de transe facilita que haja uma ruptura de campos profundos da psique e seus conteúdos, tais como os conteúdos do inconsciente e simbologias do desenvolvimento psíquico.
Sobre meu interesse na hipnose dar-se-á para aplicação terapêutica, no momento tenho feito estudos livres e não pude aliar ao rigor metodológico científico de um curso com profissionais experientes, tais cursos são ofertados em cidades como São Paulo, atualmente um método hipnótico amplamente empregado é a hipnose ericksoniana de Milton Erickson (1901-1980); muitas vezes empregado também como um curso de aperfeiçoamento discursivo, assim ampliando a hipnose como recurso para diferentes fins, pois assim ela é, um amplo recurso técnico psíquico - linguístico.
Outros hipnoterapeutas se formam, e utilizam do método terapêutico sem associação à psicologia ou medicina e consequentemente ao rigor ético das práticas profissionais e o estudos gerais associados à compreensão da saúde física e psíquica do indivíduo, alguns destes profissionais utilizam o método como a hipnose de palco (de uso para espectáculos e entretenimento), e não se sabe aos certo todas os efeitos para o hipnotizado, ao experimentar sensações desconexas com a realidade, ou mesmo ter induzido a sentimentos de forma precarizada por estes hipnotistas.
No mais a hipnose pode ser utilizada como recurso no tratamento de dependentes químicos, transtornos alimentares, doenças psicossomáticas, transtorno obsessivo-compulsivo e traumas; não tem funcionamento ou mesmo fundamento a sugestão hipnótica que altera a conduta de alguém, sendo de ordem ética ou de valores, logo a ficção nesse sentido não se faz valer.
Detalhes e meandros das teorias aqui apresentadas valem ser pesquisadas, nos livros, artigos e em produções acadêmicas de tais pesquisadores.
II - Exercícios de Auto Hipnose
Antes de mais nada sugiro que se concentre na breve leitura a seguir, e nos estímulos de palavras. Sente-se de uma forma confortável para que possa ler os estímulos iniciais.
(RELAXE CORPO E MENTE)
Pense em todos os estímulos positivos que lhe vier prontamente ao pensamento. Abaixo um texto que antecipa o sugestionamento de palavras:
Relaxa seu corpo - iniciando pelo rosto...
Inspire o ar profundamente!
Expire o ar e deixe esvair qualquer negativismo que tenha!
Inspire o ar profundamente!
Expire o ar e deixe esvair qualquer negativismo que tenha!
Relaxe seu corpo!
Concentre-se no ponto abaixo por 20 segundos!
Veja o ponto profundamente!
Lentamente retorne o olhar para o ponto mais próximo da tela...
Veja o ponto profundamente!
Lentamente retorne o olhar para o ponto mais próximo da tela...
Relaxe seu corpo!
Projete sua visão gradualmente para frente e para trás
Deixe os estímulos saírem de seu corpo!
Relaxe o rosto...
Relaxe a cabeça...
Relaxe o pescoço...
Relaxe o ombro...
Relaxe os braços...
Relaxe o peito...
Relaxe o quadril...
Relaxe as pernas...
Respire fundo...
Deixe os estímulos na parte superior do seu corpo descerem!
Deixe os estímulos na parte superior do seu corpo descerem!
Imagine alegria e sorrisos!
Imagine alegria e sorrisos!
Sorria...
Ria...
Projete os estímulos físicos para baixo e Sinta a leveza subir
INICIE O VIDEO
Sugiro fones de ouvido e uma posição de máximo relaxamento
O RELAXAMENTO É POSSÍVEL TAMBÉM NA AUTO-HIPNOSE
III. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MESMER, Franz Anton. Aphorismes de M. Mesmer dictés à l'assemblée de ses élèves et dans lesquels on trouve ses principes, sa théorie et les moyens de magnétiser. Ed. M. Quinquet l'aîné. Paris (1785).
FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu. Obras completas de Sigmund Freud. RJ, Ed.Imago (1996).
CHARCOT, Jean-Martin. Physiologie pathologique: Sur les divers états nerveux déterminés par l'hypnotisation chez les hystériques. Paris (1882).
HIPNOSE - UMA BREVE INTRODUÇÃO
Psicólogo Felipe A. Zamboni (2016)
CONTATO PARA ADAPTAÇÕES E LICENCIAMENTOS
Para parcerias ou adaptações dos conteúdos aqui representado nos contate:
TERMOS E CONDIÇÕES DE USO
*Os personagens, histórias ou temas são originais - criados e concebidos por seu autor, a exploração financeira indevida direta ou indireta desse conteúdo resulta em crime de direitos autorais.
O TROPICAL
Arte e Cultura
(CURTAM E COMPARTILHEM A PÁGINA E OS CONTEÚDOS)
Comments