Bate asa, larva abandonada um tanto acinzentada!
Voa agora peste negra nascida nas águas!
Piado fino, som de pianistas, serpente voadora!
Menor que pássaros, maior que cientistas!
...
Rezamos e esquecemos!
O que afinal estamos fazendo com nossa natureza?
Não é rato, morcego ou macaco, não tem piolho, percevejo ou medo de barata!
Só aranha faminta que sabe desses bichos, como é que o mata!
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Se ouve falar de tal coisa da década de quarenta, hoje vivemos além de noventa!
Mas nosso jeito é o mesmo, desde as cavernas vermelhas!
Mais uma culpa da África ou do mundo?
Do povo do mundo, de lixo imundo!
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Vivendo todos assim estão, de um jeito moribundo!
Antes era outra coisa, depois outra e outra!
Dói a cabeça, febre e tristeza, olhos espremem, veias dilatam!
O sangue salta e perde sua pureza!
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Quando começou, quando aquele dengo mudou?
Foi na festa do mundo?
Nesse novo jeito de todo mundo fazer guerra!
Mas agora chutando bola, numa verde fronteira, azul e amarela!
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Foi no encontro das nações?
Em nosso terceiro mundo, que em sua história só vive de decepções!
No jogo que passou, foi um gol alemão, na arquibancada decepção!
Enquanto o mosquito picava outro pé e outra mão!
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É o gol final, não adianta chorar, comprar juízes ou querer roubar!
Lá se foram nossos guerreiros amarelos!
Amarelaram, e não é febre amarela!
Apito final do juiz, foi manchado o brilho da nossa aquarela!
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Os povos que nos visitaram dizem Adeus!
Mas não sem antes, deixarem aqui seus costumes ateus!
Nada disso se trata de poesia, ciência ou religião!
É tudo dilema profundo, de nossa aprisionada civilização!
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Enquanto isso mais lama entope os bueiros, nas cidades urbanas!
Faz estrago pior na Mariana alagada, soterrada, abandonada e superfaturada!
Afinal será essa, mais uma tragédia não solucionada?
Mais um crime acobertado pela justiça inútil e culpada?!
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Enquanto a classe média e alta se sente roubada, batem panela, mas não reclamam da água?
E por que não xingam, quando olham no espelho e vêm mais um larápio canalha!
Políticos e jornalistas, brigam pelo horário nobre!
Enquanto os mosquitos se multiplicam mais rápido que a eletricidade no cobre!
...
Se já tiverem a cura, não demorem a falar!
Estamos dispostos a pagar, mesmo se tivermos que parcelar!
Só não me diga que esses seres voadores, foram criados em seus laboratórios, meus caros doutores!
Melhor pensar direito, se não é culpa desses sábios farmacêuticos!
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Dizem que a cor negra é bela e necessária!
Um portal aberto ao passado, levando bebês a ter jeito de nossos antepassados!
Eu aqui prefiro preto velho, xamã ou pajé, que sabem muito sobre a alma e pouco sobre o dinheiro!
O fim de uma cultura, já era; a saúde cura, mas a sociedade, será que dura?
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Na corrente sanguínea mudam as células boas, agora são células estranhas!
Vírus de um fantasma invisível!
Não adianta chorar, a natureza sempre tem dívidas para cobrar!
Enquanto essa natureza ri, esperando que nós respondemos suas simples perguntas!
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Darwin tentou!
E o resto só sabe pensar em seus títulos, prêmios, e-mails, dinheiro ou mensagens do celular!
Se sacrifícios não houverem, sacrificados muitos serão!
Esse é um dilema do tempo, enquanto você pensa, mais mutantes estão nascendo na plantação!
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Não era abortos que vocês queriam?
Agora já podem abortar, pois essas crianças não vão vingar!
Enquanto nos achamos complexos sabedores de comportamentos!
Esses seres pequenos mudam toda hora seus comportamentos!
...
E se não for culpa do mosquito?
Será que posso viver seguro com essas vacinas, e a do HPV, posso ter certeza, que não foi você?
Vacinas tiveram mais de dez, quase cem, tríplice, rubéola, caxumba, catapora, varíola (...)
Vaca, louca, aftosa, gás, sarin, laranja, mostarda, febre, bubônica, vaccina (...)
...
Aedes, mosquito, gripe no frango, leite fervido, sangue desprotegido, penicilina neles e nelas todos!
Não sabemos até hoje a dar fim em todo sofrimento!
Sai dessa e vai estudar, esqueça os livros e comece a pensar!
Tem muita coisa simples que a era científica não nos deixa ensaiar!
...
Zika negra picou mais um!
Doeu, coçou, brotoeja levantou, pernilongo maldito, hospedeiro maligno!
Te pego na esquina, ou faço o exército bater nas portas de toda quebrada!
É mesmo esse, o fim da picada!
A ZIKA NEGRA
Felipe Anderson (2016)
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